Agronegócio na mira dos hackers: como enfrentar os riscos da agricultura conectada
A transformação digital tem revolucionado o agronegócio brasileiro. Com a chegada da chamada Agricultura 4.0, o campo passou a incorporar sensores inteligentes, drones, inteligência artificial, softwares de gestão e dispositivos de Internet das Coisas (IoT) em seu dia a dia. O resultado? As fazendas inteligentes se tornam realidade, com ganhos significativos em eficiência, sustentabilidade e precisão em cada etapa da produção.
Sensores analisam solo e clima, algoritmos apontam o melhor momento para plantar ou colher, e máquinas autônomas operam com uma exatidão impressionante. Tudo controlado à distância, via plataformas conectadas à nuvem. Mas, junto com os avanços, surge uma ameaça crescente e muitas vezes negligenciada: a vulnerabilidade a ataques cibernéticos.
A conexão com o digital abre portas para riscos invisíveis — mas devastadores. Informações estratégicas sobre safras, contratos e estoques agora circulam em sistemas que podem ser acessados e explorados por criminosos digitais. Sistemas de irrigação, logística e plataformas de gestão se tornaram alvos potenciais, e os prejuízos, tanto operacionais quanto financeiros, já estão sendo sentidos.
Grande parte dos produtores — especialmente os pequenos e médios — ainda carece de uma estrutura sólida de segurança da informação. Isso os torna alvos fáceis para ataques cada vez mais sofisticados.
A solução para essa ameaça não é apenas tecnológica. Sim, ferramentas como firewalls, backups automáticos, autenticação multifator e atualizações constantes de sistemas são indispensáveis. Mas é preciso mais: é urgente inserir a cultura da cibersegurança no cotidiano do agronegócio. Isso significa treinar equipes, engajar gestores e tratar a proteção digital com a mesma prioridade que se dá ao calendário agrícola.
A Agricultura 4.0 é um caminho sem volta e traz oportunidades inéditas ao setor. Porém, seu futuro depende da construção de um ecossistema seguro. As fazendas do amanhã já estão conectadas — agora, é essencial garantir que estejam também protegidas contra as ameaças invisíveis do mundo digital.
Marcelo Branquinho é CEO e fundador da TI Safe, empresa brasileira referência em segurança cibernética voltada para infraestruturas críticas. Formado em Engenharia Elétrica, Branquinho é reconhecido por sua expertise na proteção de sistemas industriais, com destaque para os sistemas SCADA — fundamentais na automação de processos em setores como energia, água e agroindústria. Sua atuação o levou a integrar a International Society of Automation (ISA), uma das mais importantes entidades globais no campo da automação e controle, reforçando seu papel de liderança na defesa da cibersegurança no Brasil.
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