Em 2020, 660 quilos de alimentos de origem animal e quase 1,4 mil ovos foram apreendidos em Ponta Grossa por serem comercializados de forma irregular. Em 2019, foram 1,8 mil quilos apreendidos e 2,2 mil ovos, de acordo com os dados do Serviço de Inspeção Municipal (SIM), vinculado à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SMAPA). Do total apreendido destacam-se as carnes, principalmente a bovina, e embutidos.
Com o fim de ano se aproximando, e o planejamento dos banquetes das festividades de Natal e Ano Novo, os consumidores precisam se preocupar com a qualidade e a procedência dos alimentos de origem animal. Isso porque, quando não inspecionados e mal conservados, esses produtos podem ser fontes de doenças para os seres humanos, as chamadas zoonoses.
De acordo com o médico veterinário responsável pelo SIM, Marcos Aleixo, os produtos são considerados clandestinos quando suas origens e características são duvidosas. Algumas das especificidades das carnes, por exemplo, que passam pelo processo de verificação da qualidade de forma legal são a marca de um carimbo da inspeção; a presença do prazo de validade, origem e data do abate na nota fiscal do produto.
“Toda carne que passa por inspeção em um frigorífico tem características de carcaça lícita, como o carimbo da inspeção feito por um médico veterinário, além dos cortes padrões para comercialização. Dessa forma, uma carne inspecionada não é retalhada. Além disso, é preciso que os comércios tenham nota fiscal do frigorífico que abateu a carne para verificar prazo de validade, origem, quando o animal foi abatido, se a carne é resfriada ou congelada; e também a embalagem original, que indica que veio de um frigorífico. Se o responsável pelo estabelecimento não souber e não ter em mãos esses detalhes, provavelmente o animal tenha sido abatido no mato, em chácara ou de qualquer jeito”, ressalta Marcos.
Importância da inspeção
A inspeção é feita geralmente em um frigorífico por um médico veterinário, profissional que verifica possíveis alterações que tornam os alimentos impróprios para o consumo humano. Além de acompanhar a cadeia produtiva, o médico veterinário também é responsável por decidir os produtos que estão em condições para consumo e descartar os que são impróprios. Segundo Marcos, quando os alimentos não passam por esse processo, não se tem uma análise técnica sobre as características dos produtos e, dessa forma, há maiores riscos de transmissão de zoonoses (doenças infecciosas) aos seres humanos.
“Por isso há a necessidade de os comércios se atentarem às origens dos produtos que comercializam. Quando há a verificação de grande quantidade de produtos não inspecionados em determinado estabelecimento, ou quando há reincidência na prática da venda clandestina dos alimentos, o responsável pela empresa é sujeito a multas, pois ele comercializa os produtos de forma irregular e promove riscos para a segurança alimentar dos cidadãos”, destaca o médico veterinário.
Orientações
Um outro fator que deve ser observado pelos comerciantes é a conservação dos produtos. Segundo Marcos, para evitar a transmissão de zoonoses, essa característica é tão importante quanto a realização da inspeção. “Por exemplo, se for alimento resfriado, é necessário observar a temperatura limite de até 7 graus. Se for ovo, precisa estar dentro do prazo de validade. Se é refrigerado, o consumo é em até 30 dias, se não é até 15 dias. O acondicionamento dentro do estabelecimento também é importante para evitar doenças”, afirma.
Ao consumidor, a orientação de Marcos é a de que sempre se pergunte nos estabelecimentos a origem de determinado produto. “Ou seja, em qual local ela foi abatida? Se for em algum local que não seja um frigorífico, ela pode ser considerada como de origem duvidosa e o caso pode ser denunciado para que a equipe de fiscalização vá até o local e realize as análises”, sustenta.
Denúncias
Em Ponta Grossa, as denúncias de má conservação de alimentos e também da venda de produtos clandestinos podem ser feitas pelo 3220-1000, ramais 1469 e 1459; e também pelo 156. Todos os dias há vistorias realizadas pelo SIM nos mercados e mercearias da cidade. Quando os produtos são apreendidos, eles são descartados para evitar o consumo.
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