O mate é o principal produto florestal não madeireiro cultivado no Paraná. Entre a Emancipação Política do Paraná (1853) e a crise de 1929, a erva já foi o principal produto paranaense, e já chegou a representar 83% da economia do estado. O hábito agroecológico de ingerir a erva foi introduzido no Brasil pelos indígenas, e posteriormente, o consumo foi adotado pelos colonizadores que enxergaram um potencial econômico no produto.
As conexões entre as regiões de Ponta Grossa, Curitiba e Morretes consolidaram a Rota do Mate. Esses caminhos percorridos para possibilitar o escoamento da erva contribuíram para que as cidades se desenvolvessem.
Hoje, São Mateus do Sul lidera a produção da erva-mate no Paraná. Em 2018, o Paraná concentrou 87% de toda a produção da planta no Brasil, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Consumo da erva-mate na pandemia
Com a pandemia do novo coronavírus, a necessidade de evitar compartilhar objetos fez com que as rodas de chimarrão e de tereré ganhassem novos ares. Ao invés de compartilhar a cuia, cada um precisou ter a sua individual.
E como ficou a questão do consumo? As pessoas continuam ingerindo as bebidas, mesmo com as restrições de compartilhamento? Sim, é o que diz a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), após conversas com produtores e indústrias, que apontaram aquecimento do mercado.
Em entrevista concedida à Federação, o presidente do Conselho Gestor da Erva Mate (Cogemate) do Vale do Iguaçu, Naldo Hiraki Vaz, indicou que um dos condicionantes do alto consumo é o fato de as pessoas estarem mais em seus domicílios. “A pandemia fez as pessoas ficarem mais em casa e isso aumentou bastante o consumo nos três grandes consumidores de chimarrão no mundo: Brasil, Argentina e Uruguai. Todo mundo está em casa, toma um mate, faz outro, diferente do escritório que não dá muito tempo. E tem ainda o fato de que muitos estão tomando em cuias individuais”, disse Naldo à Faep.
O presidente do Cogemate também afirma que o estoque baixo da Argentina contribuiu para que, além do consumo próprio, a erva-mate também tivesse alta nas exportações. “Eles [argentinos] estão com uma reserva baixa do produto. Isso por causa do aumento do consumo durante a pandemia. Além disso, a Argentina é um dos maiores exportadores de erva-mate para o mundo. Ou seja, passaram a exportar mais também e, para suprir a demanda, foram obrigados a comprar de outros lugares, ou seja, do Paraguai e do Brasil”, ressaltou.
Portanto, mesmo com mudanças no hábito, a venda e o consumo do mate continuam firmes no Paraná, o que demonstra a solidez da raiz cultural e histórica acerca do produto.
O hábito de consumir a erva-mate
Dias frios e dias quentes. Entre família e amigos ou até mesmo individual. Pela manhã, tarde ou noite. Apreciando a paisagem, ou durante intervalos de trabalho e estudos. O hábito de consumir a erva-mate é uma das marcas do paranaense. Não é à toa que a planta está estampada na bandeira do Paraná, como um dos símbolos históricos da cultura do estado.
Na região dos Campos Gerais é o chimarrão que predomina. Acordar cedo, colocar a água esquentar, a erva na cuia e “tuff”, começar a ingerir a bebida. Contendo cafeína em sua composição, o consumo é ótimo para dispersar o sono e começar o dia com mais disposição. Em casa, a mãe ou pai faz. O filho acorda, pega a garrafa térmica, enche a cuia e toma um gole também antes de ir para a escola. O pai, a mesma coisa, antes de ir para o trabalho. Lá, ele também tem equipamentos para fazer o seu próprio chimarrão e tomar no escritório. Em dias frios, as visitas chegam para comer uma quirera ou uma vaca atolada e, depois, “dale gole” durante a conversa, ainda sobre a mesa ou no sofá da sala.
E tem também o tereré. Esse é mais comum nos dias quentes, na região Norte e Noroeste do estado. Mas, no verão, até nas regiões que geralmente são as mais frias do estado há o consumo da bebida. A erva-mate é colocada na cuia ou em um copo de alumínio, a bomba entre a erva e, depois, só inserir uma água bem gelada, pura mesmo, ou com limão, hortelã, burrito e até um suco. Bebida ótima para dar aquela revigorada em tempos quentes e, principalmente, ser um atrativo para encontrar os amigos. “Jonas, vamos tomar um tereré hoje? Pode ser aqui em casa”. E, pronto, lá estavam eles compartilhando a mesma bomba, a mesma cuia, a mesma garrafa, contando históricas, fofocas e até “puxando” uma rodinha de violão.
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