Uma nuvem de gafanhotos destruiu plantações de milho e mandioca na Argentina na segunda-feira (23), e ainda existe a possibilidade de que ela chegue ao Brasil. Antes de chegar ao país vizinho, a nuvem de gafanhotos passou pelo Paraguai e também destruiu plantações de milho.
Em comunicado, o governo da província de Córdoba informou que, em um quilômetro quadrado de nuvem, existem cerca de 40 milhões de insetos, com capacidade de consumir em um dia o equivalente ao que duas mil vacas comeriam no mesmo período.
No levantamento mais recente do Governo Argentino, a nuvem de gafanhotos está a 130 quilômetros em linha reta do município brasileiro de Barra do Quaraí, no Rio Grande do Sul. De acordo com meteorologistas, a chegada no Brasil depende das condições climáticas no Sul nos próximos dias.
A quantidade de gafanhotos juntos impressiona, mas essa é uma característica destes insetos, que têm um mecanismo genético de gregarismo, ou seja, vivem em grupos, agregados. Esse comportamento de viverem próximo facilita a reprodução. Dependendo da espécie, clima e condições do agrupamento, os gafanhotos podem viver de meses até um ano.
Além disso, a espécie de gafanhoto que avança na América do Sul, chamada Schistocerca cancellata, preocupa pesquisadores e autoridades brasileiras por ser uma praga ainda pouco conhecida e que é capaz de causar danos enormes às lavouras agrícolas. De acordo com o governo argentino, a espécie causa danos em todas suas fases de crescimento, porque possui um aparelho típico de boca para mastigar. No entanto, o inseto não é perigoso aos humanos e nem vetor de doenças.
Segundo um relatório do Ministério da Agricultura da Argentina, a espécie de gafanhoto causou danos severos à produção do país nos anos 1960 e ainda é "pouco conhecida". Novos ataques do inseto voltaram a ser relatados no país vizinho somente em 2015 e se repetiram em 2017 e 2019.
Segundo o Ministério da Agricultura do Brasil, esses insetos estão no país desde o século 19 e causaram grandes perdas às lavouras de arroz na região Sul do país nas décadas de 1930 e 1940. Mas as nuvens não se formam desde então.
Os fatores que levaram ao ressurgimento desta praga em sua fase mais agressiva na região estão sendo ainda avaliados pelos especialistas e podem estar relacionados a uma conjunção de fatores climáticos, como temperatura, índice pluviométrico e dinâmica dos ventos.
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