De acordo com a Pesquisa de Impacto no Transporte Covid-19 - 3ª rodada, realizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), mais de 80% dos transportadores tiveram redução na demanda em maio, terceiro mês da epidemia no Brasil. De acordo com o CNT, os números mostram que o setor está em um patamar perigoso de operação por um período já prolongado, considerando que não houve melhorias significativas em relação ao mês de março.
A pesquisa foi realizada entre os dias 5 e 10 de junho, com 619 empresas de cargas e de passageiros de todos os modais de transporte.
O baixo nível da demanda por serviços de transporte se traduziu em uma redução do faturamento das empresas, o que coloca em risco a sustentabilidade financeira de muitas delas. Para 64,6% dos transportadores, maio foi um mês pior do que abril em termos de faturamento, sendo que 32,3% tiveram de lidar com uma queda superior a 60,0% de suas receitas. Essa magnitude dos prejuízos confirma o que o setor havia projetado em abril para os 60 dias seguintes.
A expectativa do setor não é positiva para junho, quando comparada ao mesmo período de 2019. 75,3% esperam uma nova queda do faturamento no mês, sendo que 34,6% projetam que a redução deverá ser maior do que 60%. Portanto, a perspectiva é que a conjuntura que já se encontra comprometida - seja pelo tamanho dos prejuízos, seja pela duração da crise até aqui registrada - fique ainda pior.
Dificuldades financeiras
Sem demanda e sem entrada de receitas, evidencia-se uma curta capacidade das transportadoras de permanecer operando com recursos próprios, ou seja, sem mecanismos de apoio financeiro, como empréstimos, suspensão de pagamentos e adiamento de impostos. Nas condições atuais, 27,0% das empresas conseguiriam manter suas atividades com recursos próprios por, no máximo, mais um mês, sendo que 18,3% já tiveram de recorrer a financiamentos para manter a empresa operando.
Sem o apoio financeiro necessário, fica muito difícil para as empresas evitarem medidas de ajuste nas relações de trabalho, viabilizadas pela MP 936. 45,6% dos transportadores já adotaram a suspensão temporária do contrato de trabalho; enquanto 42,2% já aplicaram redução proporcional de carga horária e salários. Aqueles que já realizaram algum desses ajustes são mais propensos a aplicar novas rodadas de flexibilização do trabalho nos próximos 30 dias
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